Imprensa brasileira foi à França reclamar de premiação a Lula
Não pode passar batido um dos momentos
mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas
órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram
repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do
instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para
receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um
latino-americano.
A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo,
que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a
seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu
antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.
No relato da própria repórter de O
Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o
prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados
Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa
financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a
região.
A jornalista de O Globo
não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não
informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros
Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e
não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de
ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.
Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.
Os
jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por
onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques
Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político
que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e
quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da
instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.
Descoings
se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem
no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que
por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em
linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir
de um diploma universitário.
O
diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” é
opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história
levando em conta a dimensão de sua obra (eletrificação de favelas e
demais políticas sociais). Já o jornalista argentino perguntou se foi
Lula quem armou Khadafi e concluiu para a missão difamadora da
“imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.
Eduardo Guimarães
http://www.blogcidadania.com.br
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