Enquanto escrevo, algumas horas separam o mundo do resultado da
campanha eleitoral-relâmpago a que a Venezuela foi empurrada pela morte
de Hugo Chávez. Escrevo, pois, sobre o futuro, o que é uma temeridade.
Mas ouso arriscar.
Lendo o noticiário brasileiro sobre aquele país, tento esquecer de
tudo o que sei sobre ele de forma a levar em conta tais notícias.
O fato é que, sem conhecer a realidade venezuelana, torna-se
praticamente impossível acreditar que o candidato do chavismo, Nicolás
Maduro, possa vencer.
A menos que os quase 29 milhões de venezuelanos sejam masoquistas ou
completamente doidos, se me pautar pelo noticiário concluirei por uma
vitória acachapante do principal entre os sete candidatos opositores:
Henrique Capriles Radonski.
O noticiário sobre a Venezuela remete a um inferno. Inflação e
violência estariam fora de controle, o povo estaria sendo castigado por
desabastecimento de gêneros de primeira necessidade, imperaria censura à
imprensa…
Ufa! Que país é esse do noticiário? Um país em ruínas, claro.
Ora, em tal situação seria impossível que ao menos metade mais um
dessas quase três dezenas de milhões de venezuelanos mantenha um governo
tão incompetente.
Convenhamos: isso que acabo de escrever não é uma opinião, é um fato inquestionável.
Com a morte de Chávez, torna-se temerário fazer previsões
peremptórias sobre o resultado da eleição. Não se pode comparar Maduro a
ele. E o noticiário diz que os venezuelanos estão sofrendo.
Entretanto, uma pista sobre o que deve acontecer neste domingo eleitoral na Venezuela pode ser encontrada no conjunto das pesquisas eleitorais sobre o país, que exponho ao escrutínio do leitor logo abaixo.
Vejamos:
Apesar de um instituto dar vantagem
a Capriles (Datamática), todos os outros dão vitória a maduro. Contudo,
não se pode levar em conta os números desse instituto argentino, pois
fez a pesquisa por telefone.
Se pecarmos por apego à verdade factual, concluiremos que o
noticiário da grande imprensa brasileira sobre maduro é tão confiável
quanto a pesquisa do instituto argentino Datamática.
A grande imprensa brasileira, como se sabe, não disfarça uma troca
escandalosa do jornalismo por torcida político-ideológica. Assim, o
grande prejudicado é o público que tenta entender o que acontece naquele
país.
Em absolutamente todas as eleições que vêm ocorrendo na Venezuela
desde 1999, perto da eleição a mídia internacional alinhada ao
noticiário made in USA sempre aponta uma reação da oposição de última
hora, a qual nunca se confirma.
Desta vez não é diferente. Os Jornais Nacionais, nos últimos dias,
pela enésima eleição venezuelana relatam que, “nos últimos dias, caiu a
diferença” entre o candidato chavista e o da oposição.
O resultado da eleição venezuelana, que em algumas horas – a partir
da publicação deste texto – se fará conhecer graças ao sistema de urnas
eletrônicas que, a exemplo do Brasil, a Venezuela também usa, reforçará o
descrédito do jornalismo made in USA.
Apesar de que esse tipo de jornalismo que impera na grande mídia
brasileira previsivelmente tentará convencer as pessoas de que a maioria
absoluta dos venezuelanos é composta por masoquistas alucinados, caso
Maduro seja eleito ninguém que conheça a realidade latino-americana
acreditará nisso.
Se existe hoje um povo que não brinca na hora de votar, esse povo é o latino-americano.
Esta parte do mundo já sofreu muito por escolhas eleitorais
equivocadas e hoje vota com o bolso, com o estômago e com suas
perspectivas de vida. Os venezuelanos, portanto, sabem muito bem por que
votam.
Se Nicolás Maduro vencer a eleição hoje, você que acredita no que o
noticiário made in USA diz sobre a Venezuela terá todas as razões
lógicas para acreditar que tal noticiário é uma farsa, caso pense
logicamente.
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http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/se-maduro-vencer-ou-seu-povo-e-louco-ou-a-midia-mente-2/?fb_action_ids=582207688470844&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map={%22582207688470844%22%3A299327486865428}&action_type_map={%22582207688470844%22%3A%22og.likes%22}&action_ref_map=[]
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