Na noite da última quarta-feira, as redes sociais pegaram fogo devido à
transmissão, pela Globo, da saga de Luiz Inácio Lula da Silva. Quem
gostou e quem não gostou meteram-se em uma guerra retórica. Quem gosta
de Lula, emocionou-se; quem o odeia – e não há quem simplesmente não
goste dele, só há quem o odeie –, irritou-se.
Os que odeiam Lula com um ódio que arrancam do lado mais obscuro das
próprias almas, como era previsível, em se tratando de cretinos – pois
só um cretino odeia com “fé” –, apegaram-se à bilheteria regular que o
filme teve – nas duas primeiras semanas de exibição, levou 472,9 mil
pessoas às salas de cinema – para tentar atingir o ex-presidente.
É, porém, uma cretinice querer medir a popularidade de um líder político
através do público pagante de um documentário romanceado sobre ele como
é “Lula, o Filho do Brasil”. Chegaram a comparar a bilheteria deste com
a da comédia “Se eu fosse você 2” e com a mega superprodução
hollywoodiana de ficção científica “Avatar”.
Com efeito, uma comédia com atores globais ou uma superprodução de
centenas de milhões de dólares com sofisticados efeitos especiais
derrotaria um filme biográfico até sobre Jesus Cristo, Mahatma Ghandi ou
qualquer outro grande vulto da história.
Contudo, o que saltou aos olhos foi a surpresa que muitos revelaram,
naquelas redes sociais, por justo a Globo, que lidera a torcida do ódio
contra o ex-presidente, veicular, em horário nobre, um filme que, com o
resto da grande mídia, a emissora tentou massacrar de todas as formas,
inclusive acusando os produtores de terem sido subornados pelo próprio
Lula enquanto presidente. E, claro, com uso de dinheiro público.
É muito pouco provável que a campanha negativa da grande mídia tenha
impedido “Lula” de ser um sucesso de bilheteria. Até porque, a
desqualificação da obra se deu em círculos fechados da classe média, nos
jornais e revistas semanais.
Claro que a mídia poderia ter ajudado o filme a ter maior bilheteria se
tivesse dado a ele uma maior repercussão, pois muita gente só deve ter
descoberto ontem à noite que existe um filme sobre Lula. Ainda assim,
para o tipo de público que vai ao cinema no Brasil, um filme como esse
não teria qualquer chance de se tornar um campeão de bilheteria.
Mas a questão persiste: por que o grupo empresarial que mais combate
Lula exibiu um filme que os inimigos dele acusam de “laudatório”?
É muito simples. Recentes pesquisas de opinião sobre a sucessão
presidencial de 2014 mostram que toda a campanha da Globo e do resto da
mídia anti-Lula contra ele não produziu um grama de perda de sua
popularidade, de forma que apareceu na sondagem como capaz de derrotar
qualquer adversário em primeiro turno, se a eleição fosse hoje.
Tal fenômeno ocorre porque todo mundo sabe que a Globo odeia Lula. E,
claro, não é bom que aquilo que ela diz sobre ele seja visto como
produto de ódio. E que melhor forma haveria para tentar dissipar a
crença clara que a maioria tem em razões pouco republicanas da mídia
para atacar o ex-presidente do que ela exibir um filme que o exalta?
*
E, se você não assistiu ao filme, graças ao nosso leitor Yarus, que
enviou o link, você pode assisti-lo aqui, na íntegra, logo abaixo.
http://youtu.be/doOnpEUYZIg
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