TRANSFORMAÇÃO DA MÍDIA ABALA GRUPOS TRADICIONAIS
Com 1,2 mil demissões de jornalistas totalizadas em 2012, veículos
tradicionais de comunicação apontam para o velho caminho do corte de
profissionais para reduzir custos; ultrapassagem praticada pela
velocidade, precisão e poder de multiplicação da internet ainda não foi
compreendida pelos velhos barões da imprensa
30 DE DEZEMBRO DE 2012
247 – As casas da mídia tradicional estão caindo – com os jornalistas
dentro. Por motivos que vão da pura e simples má gestão até, e
especialmente, a virada tecnológica que mexe nas estruturas da própria
mídia, muitas redações sofreram pesados cortes ao longo de 2012. Nada
menos que 1,2 mil jornalistas, segundo levantamento do portal
Comunique-se, foram demitidos entre janeiro e dezembro.
Na imprensa de papel, títulos tradicionais deixaram de circular, como o
Jornal da Tarde, em São Paulo, e o Diário do Povo, em Campinas. O novato
Marca, tablóide esportivo, também baixou as portas. Entre os chamados
jornalões O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, os cortes chegaram a
25. Em Brasília, o Correio Brasiliense termina o ano com 23
profissionais a menos do que começou. No Novo Edifício Abril, a sede do
Grupo Abril, os cortes foram 15, pulverizados por diferentes títulos de
revistas.
A sangria atesta a forte crise de um modelo secular de mídia. Acossados
pela velocidade, precisão e poder de multiplicação do jornalismo pela
via da internet – cujo modo gratuito, interativo e colaborativo cresce
diariamente --, os veículos tradicionais apontaram para o também
tradicional caminho das demissões em massa para se adaptarem aos novos
tempos. O erro parece, assim, ser duplo. Em lugar de estabelecer novos
padrões de relação com seus leitores, o que deveria implicar até mesmo
numa nova política de preços praticados em banca e renovadas tabelas
comerciais, a mídia de papel se mantém em saltos altos, mesmo
ultrapassada pelas novas formas de comunicação de massa. Nesse quadro, o
que se pode esperar para 2013 é mais do mesmo.
O erro basal é o de que não se faz jornalismo sem jornalistas. Os
cortes, assim, implicam diretamente em perdas de qualidade entre os
veículos.
Nessa leva, a jornalista Rita Lisauskas, então âncora do principal
jornal da RedeTV, foi premonitória. Em janeiro, ela postou em sua página
no Facebook críticas aos constantes atrasos nos pagamentos de salários
pela empresa. Foi demitida. A partir do seu alerta de protesto, recebido
com arbitrariedade, a onda começou.
247 – O que você acha dessa quantidade de demissões de jornalistas que ocorreu em 2012?
Rita Lisauskas - A minha demissão foi política. Mas a maioria dessas
demissões do ano foi enxugada na folha de pagamento. Por ser jornalista
não podia me calar diante do absurdo que estava acontecendo na Rede TV.
Eu sempre acreditei que saber lutar pelos direitos era uma qualidade da
qual nenhum profissional deveria se envergonhar. Não me arrependo do que
fiz. Mostrei como a Rede TV mentia quando dizia que não atrasava
salários.
Posted 30th December by Blog Justiceira de Esquerda
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