Confronto que endurece
Para aturdir os governantes do PT, deixando-os à mercê da pancadaria, um aparelho em pane é suficiente
Tão
palavrosos como dirigentes partidários e como militantes, nos seus
governos os petistas são um fracasso de comunicação até aqui
inexplicável. E pagam preços altíssimos por isso, sem no entanto se
aperceberem dos desastres e suas consequências. Ou melhor, às vezes
percebem, e até se autocriticam, mas com atraso de anos.
Para
aturdir os governantes e dirigentes petistas, deixando-os à mercê da
pancadaria, nem é preciso um canhonaço como foi o mensalão. Um aparelho
de ar refrigerado em pane é suficiente. Nada mais normal do que a quebra
de uma máquina. Mas há cinco dias os usuários do aeroporto Santos
Dumont se esfalfam em queixas e acusações; e, no outro lado, a
presidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Secretaria de
Aviação Civil (a que veio mesmo?) e a Infraero apanham, inertes, dos
meios de comunicação e da estimulada opinião pública.
No
governo imenso, cheio de assessorias de comunicação próprias e
contratadas, a ninguém ocorreu romper o marasmo burocrático e dirigir-se
à população com as explicações devidas.
A
quebra foi assim-assado, tomaram-se tais providências, e, depois, o
reparo está demorando ou não deu certo por tais motivos, diante dos
quais estão tomadas as seguintes providências, e por aí afora.
Nada
de difícil ou especial. Aquilo mesmo que se espera ao buscar o carrinho
ou, se tucano, ir pegar o carrão e não o encontrar pronto na oficina.
Aborrece, mas se a explicação não falta e é honesta, o provável é
perceber-se uma situação desagradavelmente normal na era das máquinas. E
nada mais.
No aeroporto Tom
Jobim deu-se o mesmo, com a pane local de um transformador. Mas tudo
virou um problema enorme de falta de geração de energia, de apagão.
Até
os índios do Xingu e do Madeira foram condenados, com o brado destemido
de Regina Duarte a favor da inundação das terras indígenas e da
floresta: "Viva Belo Monte! Essa [um aparelho de ar refrigerado
quebrado] é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia!"
Talvez,
contra o calorão do Santos Dumont, comprar um aparelho novo fosse mais
barato e eficiente do que construir uma hidrelétrica na Amazônia. Bem,
depois a atriz se disse preocupada também com o calorão na Copa do
Mundo. A qual, aliás, será no inverno. Mas o que interessa é ter
aproveitado a bobeada do governo petista.
Desde
a entrevista de Lula em Paris, sentado a meio de um jardim de hotel,
com uma jovem entrevistadora mal improvisada, para gaguejar grotescos
esclarecimentos do mensalão, logo serão dez anos.
A
inesgotável oratória de Lula, com sua mescla de populismo político e
ativismo social, nesse tempo contornou a maioria dos percalços que o
sistema de comunicação dos governos petistas não encarou.
Com o
julgamento do mensalão e com as cenas que ainda promete, o governo Dilma
Rousseff é o alvo do agora exaltado antilulismo ou antipetismo (a
rigor, não são o mesmo). Assim, neste embate endurecido, tende a ser o
2013 que veremos.
No fAlha
http://contextolivre.blogspot.com.br/
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