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| N° Edição: 2280
| 26.Jul.13 - 20:40
| Atualizado em 27.Jul.13 - 06:40
Trens e Metrô superfaturados em 30%
Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
Ao se aprofundarem, nos últimos dias, na análise da papelada e
depoimentos colhidos até agora, integrantes do Cade e do Ministério
Público se surpreenderam com a quantidade de irregularidades encontradas
nos acordos firmados entre os governos tucanos de São Paulo e as
companhias encarregadas da manutenção e aquisição de trens e da
construção de linhas do Metrô e de trens. Uma das autoridades envolvidas
na investigação chegou a se referir ao esquema como uma fabulosa
história de achaque aos cofres públicos, num enredo formado por
pessoas-chaves da administração – entre eles diretores do metrô e da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, com participação
especial de políticos do PSDB, os principais beneficiários da tramoia.
Durante a apuração, ficou evidente que o desenlace dessa trama é amargo
para os contribuintes paulistas. A investigação revela que o cartel
superfaturou cada obra em 30%. É o mesmo que dizer que os governantes
tucanos jogaram nos trilhos R$ 3 de cada R$ 10 desembolsado com o
dinheiro arrecadado dos impostos. Foram analisados 16 contratos
correspondentes a seis projetos. De acordo com o MP e o Cade, os
prejuízos aos cofres públicos somente nesses negócios chegaram a RS
425,1 milhões. Os valores, dizem fontes ligadas à investigação ouvidas
por ISTOÉ, ainda devem se ampliar com o detalhamento de outros certames
vencidos em São Paulo pelas empresas integrantes do cartel nesses e em
outros projetos.
Entre os contratos em que o Cade detectou flagrante sobrepreço está o
de fornecimento e instalação de sistemas para transporte sobre trilhos
da fase 1 da Linha 5 Lilás do metrô paulista. A licitação foi vencida
pelo consórcio Sistrem, formado pela empresa francesa Alstom, pela alemã
Siemens juntamente com a ADtranz (da canadense Bombardier) e a
espanhola CAF. Os serviços foram orçados em R$ 615 milhões. De acordo
com testemunhos oferecidos ao Cade e ao Ministério Público, esse
contrato rendeu uma comissão de 7,5% a políticos do PSDB e dirigentes da
estatal. Isso significa algo em torno de R$ 46 milhões só em propina.
“A Alstom coordenou um grande acordo entre várias empresas,
possibilitando dessa forma um superfaturamento do projeto”, revelou um
funcionário da Siemens ao MP. Antes da licitação, a Alstom, a ADtranz, a
CAF, a Siemens, a TTrans e a Mitsui definiram a estratégia para obter o
maior lucro possível. As companhias que se associaram para a prática
criminosa são as principais detentoras da tecnologia dos serviços
contratados.
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