Enviado por luisnassif, dom, 24/03/2013 - 13:37
Autor:
Hugo Carvalho
Um
ex-presidente brasileiro está rodando o mundo, em viagens patrocinadas
por empresas e corporações que cresceram e ganharam muito dinheiro
em seu período de governo. Nestas viagens, a presença do ex-presidente
ajuda as empresas patrocinadoras a captar investimentos e ganhar
mercados.
As empresas amigas também patrocinam palestras deste líder político no Brasil e contribuem com fundos milionários para o Instituto que leva seu nome e destina-se a preservar sua memória.
Se este ex-presidente se chamasse Luiz Inácio, suas atividades
no exterior seriam manchete da Folha de S. Paulo, colocando-o sob
suspeita de atuar como lobista de empresas sujas.
Mas estamos falando de Fernando Henrique Cardoso, que também
viaja fazendo palestras, a convite de empresas, ONGs e instituições
diversas. A diferença mais notável entre eles (há muitas outras) é que
FHC vai lá fora para falar mal do Brasil.
Nas asas do Itaú, seu patrocinador master, Fernando Henrique esteve no Paraguai em 2010 , no dia em que o banco inaugurou a operação para tomar o mercado no país vizinho.
O Itaú também o levou a Doha e aos Emirados Árabes ano passado, como informou a imprensa financeira,
com a intenção de morder parte dos 100 milhões de dólares que o Barwa
Bank tem para investir no mercado imobiliário brasileiro.
Itaú Unibanco and Fernando Henrique Cardoso visiting Qatar and the UAE
A Folha estava lá (mas não diz quem pagou a viagem da colunista Maria Cristina Frias) “FHC vai ao Oriente Médio com Itaú para atrair investimento”,
ela escreveu. Zero de suspeição ou malícia. O jornal não se preocupou
em saber se a embaixada brasileira alugou impressoras para apoiar o
ex-presidente em sua missão, mas registrou direitinho o que ele disse lá
sobre o governo brasileiro atual: Corrupção cresceu em relação a meu governo, diz FHC. Com esse papo, o ex deve ter atraído investimentos para o Chile.
FHC também falou mal do Brasil quando foi à China, em maio
passado, de novo pelas asas do Itaú (nem parece que é um banco, deve ser
uma agência de viagens). Reclamou do ajuste do câmbio, da falta de
planejamento, e fez o comercial do patrocinador: “Baixar a taxa de juros
(no Brasil) é importante, mas tem que olhar as consequências”, ele
disse aos chineses. O Estadão resumiu no título a visão de Brasil que FH
passou em Pequim: “Não se pode crescer a qualquer a custo, diz FHC”.
Em novembro do ano passado, a casa americana JP Morgan pagou FHC para falar do Brasil sem sair de casa: “O Brasil está pagando o preço por não ter dado continuidade aos avanços implementados”, ele disse, numa palestra para investidores estrangeiros em São Paulo.
Na edição deste sábado, a Folha sugere ao Ministério Público que
promova uma ação para alguém devolver “gastos indevidos” com horas
extras de motoristas e deslocamento de funcionários, nas embaixadas por
onde Lula passou. Mas não se comove com o fato de a estatal paulista Sabesp ter pingado R$ 500 mil na caixinha do Instituto FHC (ah se fosse o Visanet...).
Fernando Henrique ainda era presidente da República, em 2002,
quando chamou ao Palácio da Alvorada os donos de meia dúzia empresas
para alavancar o instituto que ainda ia criar: Odebrecht, Camargo
Corrêa, Bradesco, Itaú, CSN, Klabin e Suzano. A elas se juntaria a
Ambev. Juntas, pingaram 7 milhões no chapéu de FH. Mas foi o Tesouro que pagou o jantar, descrito em detalhes nesta reportagem da revista Época.
Todos à mesa eram gratos à FHC pelo Plano Real e não se duvide
de que alguns tenham coçado o bolso por idealismo. Mas se a Folha
utilizasse o mesmo relho com que trata Lula, teria registrado que os
Itaú e Bradesco eram gratos pela maior taxa de juros do mundo; a Ambev
deve seu monopólio ao CADE dos tucanos; a CSN é a primogênita da
privataria e quase todos ali deviam algum ao BNDES.
FHC e seu instituto prosperaram. No primeiro ano como ex-presidente ele faturou R$ 3 milhões em palestras (“o critério é cobrar metade do que cobra o Bill Clinton”,
explicou, modestamente, um assessor de FHC). A primeira palestra, de
US$ 150 mil de cachê, que serviu de parâmetro para as demais, foi
bancada pela Ambev. O IFHC já tinha R$ 15 milhões em caixa e planejava gastar o dobro disso nas instalações.
O IFHC abriga o projeto Memória das Telecomunicações (esqueçam o que ele escreveu, mas não o que ele privatizou), patrocinado naturalmente pela Telefónica de Espanha.
Todas as empresas citadas neste relato são anunciantes da Folha
de S. Paulo e estão acima de qualquer suspeita enquanto anunciantes.
Apodrecem, aos olhos do jornal, quando se aproximam de Lula.
Eis aí o segundo recado da série de manchetes: afastem-se dele os
homens de bem. O primeiro recado, está claro, é: mãos ao alto, Lula!
A Folha também se considera acima de qualquer suspeita. Só não
consegue mais disfarçar o ódio pessoal que move sua campanha contra o
ex-presidente Lula.
LEIA E SAIBA MAIS SEMPRE !
http://www.advivo.com.br/node/1316257
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