Oposição entra em greve por tempo indeterminado
Serra ameaça não participar da eleição paulistana por causa do vento.
ZONA SUL – Depois de ser aviltada durante anos a fio, sem reajuste no caixa-dois nem boquinha em estatais, a oposição decidiu entrar em greve por prazo indeterminado. Em piquetes montados na manhã de hoje na Praça Vilaboim, em São Paulo, e em frente ao restaurante Piantella, em Brasília, uma multidão formada por 17 parlamentares dos partidos fora do governo distribuiu panfletos com as principais reivindicações da categoria.
“Estamos trabalhando em turno dobrado, em condições subumanas, sem vale-transporte e sem vale-refeição”, bradou ACM Neto, montado sobre um caixote. “Exigimos um Mc Lanche Feliz por dia e mais 15 vagas nas comitivas das viagens de Dilma ao exterior”, disse, em tom ameaçador.
À tarde, no Congresso, a oposição decidiu no par ou ímpar fazer uma operação-padrão. Ninguém quis saber da coleta de assinaturas para a CPI do Julgamento do Mensalão, que a própria oposição havia inventado na véspera para ter o que fazer : “Hoje só assino qualquer papel na presença dos meus advogados, depois de questionar os pontos obscuros”, anunciou o deputado Rodrigo Maia, de pantufas em seu gabinete .
O senador Álvaro Dias, do PSDB, teve que ser socorrido no ambulatório da Casa após sofrer uma crise de abstinência. Dias nunca havia passado um dia inteiro sem olhar para uma câmera e dar entrevistas para denunciar o governo. Angustiado, o senador tentou ainda discursar na tribuna, mas foi impedido pela bancada tucana, sob pretexto de que estava “furando a greve”. Teve o microfone desligado e foi enxotado do plenário sob gritos de “Sai pra lá, Pelegão!”.
Em solidariedade às reivindicações da oposição, o restaurante Fasano fechou as portas por 24 horas e anunciou que não servirá lagosta por um mês.
Visivelmente abalado, João Dória Júnior anunciou o cancelamento do concurso anual do cachorro mais bonito em Campos do Jordão.
De braços cruzados, José Serra entrou com uma representação na Justiça Eleitoral para exigir que cada voto dado aos opositores do PT na eleição municipal conte por dois. “É preciso preservar os princípios elementares da democracia”, disse.
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