PODE NÃO SER DINHEIRO PÚBLICO, MAS É CONCESSÃO PÚBLICA !
PODE NÃO SER ILEGAL, MAS É COMPLETAMENTE IMORAL !
PATROCINADORES, ABRAM SEUS OLHOS E VEJAM BEM O QUE ESTÃO APOIANDO COM SUAS VERBAS DE PATROCÍNIOS,
QUE AFINAL QUEM PAGA É O CONSUMIDOR !
BBB: e a Constituição? Nada? @rede_globo
Saiu no Tijolaço, do incomparável Fernando Brito:
A Constituição é letra morta?
Ninguém
tem nada a ver com o que fazem pessoas maiores fazem em sua intimidade,
de forma consentida, se isso não envolve violência.
Niguém
tem nada a ver com o direito de pessoas expressarem opinião ou criação
artística, independente de se considerar de bom ou mau gosto.
Outra
coisa, bem diferente, é utilizar-se de concessões do poder público,
como são os canais de televisão, sobretudo os abertos, para promover,
induzir e explorar, com objetivo de lucro, atentados à dignidade da
pessoa humana.
Não cabe qualquer discussão de
natureza moral sobre a índole e o comportamento dos participantes. Isso
deve ser tratado na esfera penal e queira Deus que, 30 anos depois, já
se tenha superado a visão que vimos, os mais velhos, acontecer em casos
como o de Raul “Doca” Street, onde o comportamento da vítima e não o ato
criminoso ocupava o centro das discussões.
O que está em jogo, aqui, é o uso de um meio público dedifusão, cujo uso é regido pela Constituição:
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;(…)
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
O
que dois jovens, embriagados, possam ou não ter feito no “BBB” é
infinitamente menos graves do que o fato de por razões empresariais,
pessoas sóbrias e responsáveis pela administração de uma concessão
pública fazem ali.
Não adianta
dizer que um participante foi expulso por transgredir o regulamento do
programa. Pois se o programa consiste em explorar a curiosidade pública
sobre comportamentos-limite, então a transgressão destes limites é um
risco assumido deliberadamente.
Assumido
em razão de lucro pecuniário: só as cotas de patrocínio rendem à Globo
mais de R$ 100 milhões. Com a exploração dos intervalos comerciais,
pay-per-view, merchandising, este valor certamente se multiplica algumas
vezes.
Será que um concessionário de linhas de ônibus teria o direito de criar “atrações” deste tipo aos passageiros, para lucrar?
Intependente
da responsabilização daquele rapaz, que depende de prova, há algo
evidente: a emissora assumiu o risco, ao promover a embriaguez, a
exploração da sexualidade, o oferecimento de “quartos” para manifestação
desta sexualidade, a atitude consciente de vulnerar seus participantes a
atos não consentidos. É irrelevante a ausência de reação da jovem,
ainda que não por embriaguez. Se a emissora provocou, por todos os meios
e circunstâncias, a possibilidade de sexo não consentido, é dela a
responsabilidade pelo que se passou, porque não adiante dizer que aquilo
deveria parar “no limite da responsabilidade”.
Todos
os que estão envolvidos, por farta remuneração, neste episódio – a
começar pelo abjeto biógrafo de Roberto Marinho, que empresta o nome do
jornalismo à mais vil exploração do ser humano – não podem fugir de suas
responsabilidades.
Não basta
que, num gesto de cinismo hipócrita, o sr. Pedro Bial venha dizer que o
participante está eliminado por “infringir as regras do programa”. Se
houve um delito, não é a Globo o tribunal que o julga. Não é uma
transgressão contratual, é penal.
Que,
além da responsabilização de seu autor, clama pela responsabilização de
quem, deliberadamente, produziu todas as cirncunstâncias e meios para
isso.
E que não venham a D. Judith Brito e a Abert falar em censura ou ataques à liberdade de expressão.
E depois não se reclame de que as demais emissoras façam o mesmo.
O
cumprimento da Constituição é dever de todos os cidadãos e muito maior é
o dever do Estado em zelar para que naquilo que é área pública
concedida isso seja observado.
Do
contrário, revoquemos a Constituição, as leis, a ideia de direito da
mulher sobre seu corpo, das pessoas em geral quanto à sua intimidade e o
conceito social de liberdade.
A
Globo sentiu que está numa “fria” e vai fazer o que puder para reduzir o
caso a um problema individual do rapaz e da moça envolvidos. Nem toca
no assunto.
Tudo o que ela
montou, induziu, provocou para lucrar não tem nada a ver com o episódio.
Não é a custa de carícias íntimas, exposição física, exploração da
sensualidade e favorecimento ao sexo público que ela ganha montanhas de
dinheiro.
Como diz o “ministro”
Pedro Bial ao emitir a “sentença” global ( veja o vídeo) : o espetáculo
tem que continuar. E é o que acontecerá se nossas instituições se
acovardarem diante das responsabilidades de quem promove o espetáculo.
Atirar só Daniel aos leões será o máximo da covardia para a inteligência e a justiça nestes país..
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