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Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior - memorialista.
A
opinião pública julga falcatruas dos governantes e parlamentares. Há
indignação com vícios do nosso sistema político. O abuso do poder
econômico deteriora as escolhas eleitorais, fragilizando a democracia
representativa.
Essa realidade
tem adubado o debate da Reforma Política, com reflexões acerca dos
infortúnios e mazelas que permeiam os interesses privados na esfera
pública. Dentre os poderes da república, a justiça sempre resistiu a
claridade do olhar público. Os labirintos dos tribunais ainda são
inacessíveis ao povo e o que acontece em seus umbrais são coisas, muitas
vezes, nebulosas, cheirando a negociações espúrias e danosas.
A ministra
Eliane Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tem
rasgado o véu do silêncio e denunciado a existência de esquemas de
corrupção, chegando a cunhar um conceito peculiar para designar o
fenômeno: bandido togado.
A
resistência corporativa tenta encobrir os pecados que dilaceram a
credibilidade da justiça. O CNJ tem sido a única instância de controle
sobre o comportamento criminoso de juízes, com o mínimo de isenção, mas
ainda com poucos recursos de punibilidade. A ousadia de tentar fazer
cumprir o seu papel, identificando juízes e esquemas de corrupção,
despertou a insurreição das forças medievais que dominam o Poder
Judiciário. Descaradamente, tentam destruir a instância de controle e
contenção das irregularidades e do jogo impune de propinas e interesses
que transformam parte da justiça brasileira num balcão de negociatas.
Até
a Igreja se curvou diante dos desvios éticos e morais dos seus servos
de Deus. A pedofilia que recai sobre o manto sagrado da batina não são
mais ocultadas. A Igreja se modernizou e já respira os ares do século
XXI, punindo seus erros. O Judiciário quer pairar acima do bem e do
mal; não quer que se faça justiça sobre os escândalos que rondam os
tribunais, transformando agentes de justiça em mafiosos de toga. O manto
preto da impunidade dos juízes e seus esquemas organizados de
enriquecimento ilícito, talvez seja o lado mais obscuro a comprometer a
saúde da democracia brasileira.
Há
quadrilhas atuando sob a sombra da toga e o tráfico de influência
contamina todos os poderes. É comum a venalidade do juízo jurídico, o
jogo de chantagem e o enriquecimento ilícito do crime organizado de
colarinho branco. Isso faz desabar e destruir a justiça brasileira,
minando as bases institucionais da sociedade democrática que se quer
implantar e consolidar.
Devemos
lamentar que parte da justiça brasileira atue de mãos dadas com o crime
organizado, vivendo em feudos intocáveis e sendo remunerada com salários
de sultão. Dizem que aplicam golpes sem pudores, com a desenvoltura de
gatos noturnos em sua larapia arrogância, crentes na impunidade eterna.
Devemos fortalecer e democratizar o CNJ, antes que a máfia destrua suas
células éticas.
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