Espanha: não vai ter neoliberalismo para todo mundo
Barcelona restringe uso de papel higiênico
Desde setembro, crianças catalãs só podem fazer uso de 25 metros do produto por mês nas escolas
SÍLVIO GUEDES CRESPO - O Estado de S.Paulo
As crianças catalãs já sabem o que significa "austeridade fiscal": desde
setembro, elas só podem gastar na escola, em média, 25 metros de papel
higiênico por mês, para que o país em que elas vivem consiga pagar os
juros da dívida. O número vale para papel higiênico doméstico. Existe,
também, um limite de 20 metros para o industrial.
As restrições, relata o jornal El País, foram impostas às escolas de
Barcelona que dependem do chamado Consórcio de Educação, que reúne a
prefeitura e o governo catalão. O Consórcio afirma que não se trata de
medida "restritiva", e sim de uma "normalização".
A carta enviada aos diretores escolares afirma que foi feito um estudo
no qual se constatou que na maior parte dos centros de ensino o uso do
papel higiênico está dentro do normal, mas que em alguns há "diferenças
significativas".
Há escolas com dificuldade de se adaptar às novas regras. Na Villa
Joana, por exemplo, de educação especial, gastam-se 199 metros de papel
higiênico e 42,7 de papel para enxugar as mãos. Segundo o diretor, no
refeitório os alunos se sujam mais por suas dificuldades naturais. No
caso do papel higiênico, a escola só usa o doméstico, não o industrial.
O governo catalão, segundo o jornal El País, há um ano repete que
controlará "até o último euro" para reduzir o déficit nas suas
contas.Nos últimos meses, aumentou a desconfiança, por parte dos
investidores, de que a Espanha não consiga pagar a totalidade dos juros
de sua dívida. O mesmo ocorreu com a Itália. Antes disso, a Grécia
recebeu ajuda internacional para pagar seus credores, e mesmo assim teve
que suspender o pagamento de 100 bilhões em dívidas. Portugal e Irlanda
também receberam ajuda de outros países.
Os países europeus foram fortemente golpeados pela crise internacional
iniciada nos Estados Unidos. Em 2008, a quebra do banco americano Lehman
Brothers provocou pânico no setor financeiro mundial e levou governos a
gastarem além da conta para estabilizar a atividade bancária e
estimular a economia.
Ou seja, para apagar o fogo dos bancos, os Países colocaram dinheiro
público no sistema financeiro. Como consequência, os governo ficaram
endividados e, agora, são os bancos que hesitam em emprestar dinheiro
aos países. Para reconquistar a confiança dos investidores, os governos
prometem austeridade fiscal, ou seja, reduzir o desequilíbrio nas contas
públicas.
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