Jucá recebeu mesada de R$ 200 mil por mês a partir de 2008, diz Machado
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse em delação premiada
que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) recebeu propina de empreiteiras com
contrato com a empresa por uma década. Os primeiros pagamentos teriam
sido efetuados em 2004, o primeiro no valor de R$ 300 mil e o segundo,
de R$ 400 mil, ambos em espécie. Os repasses não tinham periodicidade. A
partir de 2008, a propina virou mesada: Jucá teria recebido “R$ 200 mil
por mês durante dez ou onze meses por ano”. O pagamento teria sido
interrompido em “julho ou agosto de 2014”.
Dos 100 milhões que o PMDB recebeu do esquema da Transpetro, R$ 21
milhões teriam sido repassados a Jucá. Desse montante, o senador teria
recebido R$ 16,8 milhão em espécie. A maior parte foi paga no gabinete
dele no Senado, pelo próprio Sérgio Machado. O delator contou que
entrava sempre pela garagem, sem registrar presença na Casa. Algumas
poucas vezes, ele conta que foi com o dinheiro até a casa de Jucá.
Os outros R$ 4,2 milhões teriam sido pagos em doações oficiais, sendo R$
1,5 milhão da Camargo Corrêa, R$ 1 milhão da Galvão Engenharia e R$ 1,7
millhão da Queiroz Galvão. As doações foram feitas em 2010 e 2014, ora
para o diretório do PMDB Nacional, ora para o diretório de Roraima,
sempre “carimbadas” para Jucá.
Segundo Machado, Jucá foi um dos que sustentaram sua nomeação para a
presidência da Transpetro. Em 2004, o senador teria procurado o delator
para pedir ajuda “para manter sua estrutura e suas bases políticas em
Roraima”. Ainda de acordo com a delação, “o contexto evidenciava que
Jucá esperava que o depoente, na qualidade de dirigente de empresa
estatal, solicitasse propinas de empresas que tinham contratos com a
Transpetro e as repassasse”.
Machado também contou na delação que administrava a arrecadação de
propinas na forma de um “fundo virtual”. Todo mês ele negociava com a
cúpula das empresas os valores que seriam doados.
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